Resenha: O labatruz e outras desventuras - Judith Nogueira
Classificação: 5/5 ♥ Favorito
Editora: Quatro Cantos
Sinopse: O labatruz e outras desventuras - Judith Nogueira
O labatruz e outras desventuras - SOLIDÃO, FRUSTRAÇÃO E MORTE
Se a intenção ao ler O labatruz e outras desventuras é a de apreciar fábulas que tenham o que chamamos comumente de “finais felizes”, esqueça. Este livro contém uma trilogia de contos que falam de temas tão indigestos quanto frequentes na existência humana: “O labatruz” (solidão), “O construtor de navios” (frustração) e “O homem que fazia luz” (morte). Os personagens são exaustivamente testados em seus específicos infortúnios. É neste exato ponto que as histórias tocam o real e provocam identificação, afinal, não é sempre que aparecem fadas com suas varinhas mágicas para nos valer.
''... minha solidão era a consciência da minha diferença.''
O mundo não é feito de finais felizes. A vida muitas vezes não é justa. Se tudo fosse como nos contos de fadas, a princesa encontraria o príncipe e eles viveriam uma vida imortal e feliz, a solidão não existiria, todas as famílias sempre ficariam juntas, desastres nunca seriam uma realidade e tristezas não estariam no folhetim!
Mas a vida real é assim? Mesmo quando crianças, quando somos - ou deveríamos ser - sempre amados e protegidos, não nos deparamos com situações ruins? ''Temas Indigestos''?
Dores profundas?
''Talvez existia sabedoria nessa generosidade.''
Aprecio muito as fábulas, mesmo quando seus finais não são como gostaria que fossem!
''Isso tudo não impediu que sentisse amor. Aprendi cedo com os lobos que podia amar quem não compreendia e que, para amar, não era necessário concordar com o outro.''
Durante a leitura de: O labatruz e outras desventuras, da autora: Judith Nogueira, entrei no mundo das fábulas. Um mundo que não entrava fazia muito tempo!
''Aprendi da pior maneira que mesmo quando existe coragem e se decide lutar pelo desejo, não há garantia de sucesso. Nada impede que os problemas se tornem ainda piores ao longo do caminho, que surja o arrependimento, e seja tarde para voltar atrás.''
O livro é dividido em três histórias:
O labatruz - Sendo essa a principal, O construtor de navios e O homem que fazia luz.
Cada uma com um tema central: SOLIDÃO, FRUSTRAÇÃO E MORTE!
Gostoso né? Na verdade nem um pouco, mas foi por pensar assim, que me surpreendi lendo, quando descobri, que mesmo com temas assim ''tristes'', poderia ter belas histórias, com uma SENSIBILIDADE admirável e uma beleza palpável em meio ao sombrio!
''A alcateia tinha para comigo uma grande condescendência e, ouso dizer, até um grande carinho. Nunca senti que fosse segregado por eles por ser diferente. Mas apesar de ser aceito, isso não me tornou um igual.''
O labatruz fala da solidão de um animalzinho que não sabe quem é, ele não sabe qual a sua espécie, só que seus pais morreram quando era muito pequeno e que ele foi criado por lobos! Mesmo sendo criado como da família, O labatruz sabia que era diferente, sabia que não se encaixava ali, sabia que não poderia encontrar uma fêmea entre os lobos, que era totalmente diferente!
Então ele saiu em busca de algo, de conhecimento também, queria saber dos seus iguais, queria descobrir sua função no mundo, o que era e o que deveria fazer!
''Faltava-lhe algo que ele nem sequer sabia o que era. pois tinha mais do que qualquer pessoa comum poderia sonhar. Ele tinha tudo o que era considerado necessário para ser feliz e tinha também todo o supérfluo.''
O construtor de navios é a segunda fábula. Essa fala de um homem que teve tudo durante toda a sua vida... mas que sentia falta de algo! Um buraco, um vazio que não conseguia ser preenchido nem com o mais caro navio, nem com sua mulher e filhos.
Ele saiu em busca de algo que fizesse ele deixar uma marca no mundo!
''... um buraco...''
Frustração! Tristeza e solidão!
Essa fábula teve o melhor final para mim! MARAVILHOSO!
''Todo mundo passa por dúvidas, medos e encruzilhadas na vida, mas para o homem dos navios essa era a primeira vez que enfrentava uma tempestade em terra firme, um maremoto que não vinha de fora, mas de dentro dele próprio. Chegou para ele o momento mais aterrorizante da vida de uma pessoa: o encontro consigo mesmo.''
O homem que fazia luz é a terceira e última história, ela fala do tema mais triste e temido do ser humano: A MORTE!
Nunca vamos estar preparados para a morte, para a perda, e ela nunca espera que estejamos prontos mesmo, bate na nossa porta e meche com a vida das pessoas sem ter vergonha alguma!
Essa fábula foi a mais sensível para mim e a mais bonita também!
O homem que fazia luz conta a história do homem que fazia a luz... literalmente!
O homem que também buscava e precisava de algo!
''Talvez ele não morresse ou a luz sobrevivesse à sua morte eram pensamentos correntes. O homem que fazia luz estava morrendo e todos foram obrigados a reconhecer o fato, uma vez que a luz com ele se apagaria, pouco a pouco.''
A autora que escreve brilhantemente bem, conta uma lenda, mais uma vez, ela mostra como foram criadas as quatro estações, a luz e a.... escuridão!
''Primavera e o menino que fazia luz namoraram por alguns poucos meses, talvez seis ou um pouco mais. Foram três meses floridos seguidos de três meses nos quais a luz e o calor passaram a ser mais intensos, e por isso esse novo tempo foi chamado de Verão.''
De uma forma muito despretensiosa comecei minha leitura, fui com o intuito de folhear as páginas do livro que é lindo e chegou hoje em minhas mãos, comecei a ler as primeiras páginas... fui lendo... e lendo... quando vi já tinha lido quase todas as fábulas em uma horinha! E foi uma leitura incrível, me emocionei, vivi todas as histórias, curti os enredos com muita calma, observando os detalhes, a escrita, as sensações, os sentimentos que eram presentes nas três fábulas.
''... jamais sentiu tamanha impotência e solidão como as que experimentou quando se confrontou pela primeira vez com a morte das pessoas que mais amava...''
''Morte era morte, e era uma coisa irreversível. Não havia nada nem ninguém que pudesse mudar aquela lei. Assim era a vida e era assim que ela funcionava.''
O labatruz e outras desventuras da autora Judith Nogueira, vêm com um gostinho de Pequeno Príncipe, sensível, bonito, singelo, mostrando que a literatura não precisa ser alegre e com um felizes para sempre, para conquistar, emocionar e fazer o leitor mergulhar em suas histórias! Recomendadíssimo!
''Às vezes um homem consegue ser seu próprio e pior inimigo.''
Paula Juliana
Olá Paula!
ResponderExcluirEu não conhecia o livro e nem a escritora. A capa é bem simples e a história não me chamou muita a atenção.
Adorei a sua resenha, está muito bem escrita.
Beijinhos!
http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/
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Beijos!
Paula Juliana - Overdose Literária!
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia o livro e nem a autora também, mas a capa possui uma simplicidade que me atraiu para cacete e, por não ser muito fã de uma temática mais pesada, acredito que não irei ler no momento, mas fica a indicação.
http://loucurasaovento.blogspot.com.br/
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Beijos!
Paula Juliana - Overdose Literária!
Oi Paula, tudo bem?
ResponderExcluirApesar de você falar muito bem do livro acredito que eu não iria gostar, a premissa das historias não faz muito o meu tipo, mas irei indicar para alguns amigos meus :)
www.fonte-da-leitura.blogspot.com.br
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Beijos!
Paula Juliana - Overdose Literária!
Oi, Paula, tudo bem?
ResponderExcluirNunca tinha visto nada a respeito do livro, mas fiquei com bastante vontade de ler! Eu sou uma pessoa que gosta de temas indigestos e acho que a forma que esse livro aborda os temas, faz com que eles se tornem ainda mais atraentes. Isso sem contar a sua animação, que me cativou ainda mais!
Beijos, Be
www.clubedas6.com.br
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Paula Juliana - Overdose Literária!
Gostei e indico, é livro diferenciado. É da mesma linha de O Pequeno Príncipe, daqueles para se ler várias vezes e a cada lida termos uma compreensão diferente e mais aprofundada. Está faltando isso na literatura nacional. Maravilhoso!
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Paula Juliana - Overdose Literária!
Olá boa tarde!
ResponderExcluirAinda não tive a oportunidade de ler o livro, mas conheço pessoalmente a autora bem como seu trabalho anterior.
Dra Judith é um ser único, sensivel, generosa, iluminada, e possuiu uma visão privilegiada da vida!
Suas obras são um presente para as pessoas sensíveis e especias.
Recomendo a leitura e parabenizo a autora da resenha!
Att
Mara
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Beijos!
Paula Juliana - Overdose Literária!
Já havia lido o Labatruz anteriormente e o reli há 5 dias atrás. Pude constatar essa qualidade de "camadas de leitura" em que, removida a superficial, afloram outras a cada nova leitura.
ResponderExcluirO livro tem a propriedade das melhores fábulas, ou seja, ameniza (sem ser piegas ou infantil) assuntos pouco palatáveis ou aversivos, permitindo discutir esses temas de uma forma que, se não agradável ao menos suavizada.
Parabéns pela obra da Judith e parabéns pela ótima resenha Paula!
De certa forma, me lembra dos contos dos irmãos grimm, os que não tem o final bonitinho e que eram feitos para adultos, mas ao mesmo tempo possibilita maior reflexão
ResponderExcluirbjos
Pah
Lendo e Escrevendo
Oii Paula!
ResponderExcluirAdorei a resenha!
As fábulas parecem ser incríveis e com certeza eu vou ler ^^
A capa é simples,mas muito bonita ao mesmo tempo. A sinopse me deixou extremamente curiosa! Fiquei bem curiosa para ler principalmente "O homem que fazia luz" porque acho que o tema de morte é bem temido por todo o ser humano.
Beijos,Kamila
www.vicio-de-leitura.com