Resenha: As Garotas de Corona del Mar - Rufi Thorpe
Classificação: 5/5
Editora: Novo Conceito
Skoob
Classificação: 5/5
Editora: Novo Conceito
Skoob
Sinopse: As Garotas de Corona del Mar - Rufi Thorpe
Amizade entre garotas pode ser intensa e, no caso de Mia e Lorrie Ann, não há dúvidas de que isso é verdade.
À medida que crescem, a vida de Mia e Lorrie Ann é preenchida com praia, diversão e passeios ao shopping.
Por outro lado, como toda amizade, há conflitos e dores.
Mia e Lorrie Ann convivem há muito tempo e possuem personalidades opostas. Mia é a bad girl , vivendo em uma família problemática. Lorrie Ann é linda e amável, quase angelical, e tem uma família que parece ter sido arrancada de um conto de fadas. Mas, quando uma tragédia acontece, a vida perfeita sai fora de controle...
''De certa forma, Lorrie Ann fez de mim tudo que sou, pois minha personalidade tomou forma como uma reação igual e oposta ao que ela era, assim como, tenho certeza, a personalidade dela se formou como resultado da minha. As pessoas fazem esse tipo de coisa. Elas dividem qualidades, como se a realidade, para poder ser manipulada, precisasse ser classificada, rotulada, presa com alfinetes.''
Uma história sobre liberdade. Acredito que não teria outra forma de começar essa resenha, quando comecei a leitura de As Garotas de Corona Del Mar esperava muitas coisas, um livro sobre amizade, duas garotas e uma cidade pequena, logo imaginei que encontraria algo leve com alguma mensagem inspiradora de como ter amigos pode mudar a vida da gente. Bem... encontrei uma narrativa que é muito difícil de explicar. Mia e Lorrie Ann nos mostram uma história muito real, muito crua e por muitas vezes até cruel.
A vida é difícil. As expectativas que construímos são complexas, o modo como nos cobramos como seres humanos que somos é também extremamente complicado. Rufi Thorpe a autora desta bela e forte obra nos conduz para essa história por intermédio de Mia e Lorrie Ann, duas amigas de infância que não poderiam ser mais diferentes, e não imaginam os caminhos distintos que a vida as iria levar.
Duas garotas.
Mia a menina malvada. A debochada a cínica, aquela que vinha de uma família desestruturada com uma mãe bêbada e dois irmãos pequenos para cuidar. A garota que fez um aborto aos 15 anos e que não esperava nada da vida além de uma grande terrível má sorte.
Na outra metade deste pacote temos Lorrie Ann a boa menina, anjo, linda, carinhosa, com a família perfeita, pai, mãe e irmão, unidos e amorosos. O que não se esperava era que Lorrie Ann tivesse o pior destino, que fosse com ela que aconteceria as piores coisas, as piores tragédias.
''Eu só conseguia ter rápidos vislumbres do labirinto que era a mente dela, e por isso fui forçada a reunir as peças do mundo interno dela por meio de inferência e observação.''
''Eu só conseguia ter rápidos vislumbres do labirinto que era a mente dela, e por isso fui forçada a reunir as peças do mundo interno dela por meio de inferência e observação.''
A história começa mostrando a vida dessas garotas a forma que interagiam nesta amizade. A obra é narrada por Mia, porém, é constante na história aparecer por vezes muito mais que ela a história de Lorrie Ann, no início como leitora me perguntei até onde iria essa Mia por Lorrie Ann, como poderia o livro apesar da narração de Mia ser muito mais sobre Lorrie Ann, até que em determinado ponto da leitura entendi o que a autora queria dizer.
A narrativa não é leve, não é bonitinha, é pesada, é cruel, é um senhor drama, nem sei expressar ao certo o que senti ao terminar a obra, uma mistura de tristeza com uma paz inspiradora. Não é uma leitura fácil, apesar da escrita em si ser fluída e bonita, ele fala sobre assuntos tabus (virgindade, aborto, violência, drogas, deficiência, maternidade) que nos fazem pensar, alguns até de forma bem subjetiva no meio dos pensamentos de Mia e dos fatos que acontecem na vida das duas amigas.
Um fato sobre a amizade, ela pode durar uma vida inteira, é inexplicável os laços que podem juntar duas pessoas. Um fato sobre a história... nada é como parece, muitas vezes somos conduzidas até por nós mesmos por caminhos e modos de agir que não deveriam ser nossos, A prisão muitas vezes é interna. Os tabus são internos, levamos uma vida para nos conhecermos, será que conhecemos os outros verdadeiramente?! As Garotas de Corona Del Mar me marcou, me questionou, mexeu comigo como leitora e como ser humano.
Drama, amor, amizade, dor! Duas vidas em uma obra! Recomendadíssimo!
''- Mas você consegue ver que, quando se perdeu tudo de belo na vida, isso pode ser verdade?
''- Mas você consegue ver que, quando se perdeu tudo de belo na vida, isso pode ser verdade?
Paula Juliana
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