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[Está no Overdose] Entrevista com Sam Wilson, autor de “O Assassino do Zodíaco” @GrupoPensamento @Jangada

[Está no Overdose] Entrevista com Sam Wilson, autor de “O Assassino do Zodíaco” @GrupoPensamento @Jangada


Conversamos com Sam Wilson, autor do nosso mais novo lançamento, O Assassino do Zodíaco. Sam nasceu em Londres e foi para o Zimbábue ainda criança, estabelecendo-se depois na África do Sul. Em 2011, foi considerado um dos “Duzentos Jovens Sul-Africanos de Maior Destaque” e hoje trabalha como diretor de TV na Cidade do Cabo.

Confira abaixo o resultado dessa conversa!

Sam, obrigada por conversar com a gente. Você pode falar um pouco da sua carreira como escritor? Como tudo começou?

Eu comecei a escrever por causa de uma mentira. Quando eu tinha vinte anos, um amigo me desafiou para uma competição para escrever cinco contos em cinco gêneros diferentes. Escrever era bem mais difícil do que eu pensava, mas eu curti o desafio. No fim da competição ele me mostrou os contos dele, e acabou que todos os textos dele eram cópias de outros autores. Quando eu o questionei sobre isso, ele alegou que os autores tinham pagado a ele pelos contos e publicado sob os nomes deles. Isso foi obviamente ridículo, e com o passar das semanas ficou claro meu amigo era um mentiroso patológico, e também que ele tinha roubado dinheiro de mim e de outros amigos. Quando ele foi pego, ele teve um surto e fugiu de casa. Foi uma situação triste e eu não quero fazer piada disso, mas no fim eu acabei com cinco contos. Seis, se você contar com esse.

Desde então, eu tenho escrito peças, séries para televisão, filmes, e quadrinhos, mas eu gosto mais de escrever romances.
Sam Wilson

Como foi o processo de escrita de O Assassino do Zodíaco? Você gosta de astrologia? De onde você tirou a ideia para o livro?

Eu sou curioso com astrologia. Eu não acredito que seja real da mesma forma que, por exemplo, a astronomia é, mas é culturalmente aceita e tem um impacto real na vida das pessoas. Eu aprendi a ler mapas astrais como pesquisa para o livro (não de forma perfeita — é muitíssimo complicado e eu podia passar anos nisso). Do meu ponto de vista, as informações que um mapa astral apresenta são contraditórias. Mas da mesma forma que seus olhos encontram padrões na interferência da televisão e em borrões de tinta, astrólogos encontram significado nesses mapas, e eu acho que o que eles estão fazendo é escolher um padrão útil no subconsciente deles.

Eu tive a ideia para “O Assassino do Zodíaco” quando estava pensando sobre profecias autorrealizáveis. No livro, Capricornianos são entendidos como empreendedores, então os pais os mandam para as melhores universidades. Librianos são alinhados na indústria de serviços, e os Arianos são varridos para as favelas. Quando Capricornianos têm sucesso ou quando os Arianos falham, todo mundo acredita que isso é uma prova de que suas crenças são corretas e que o sistema funciona. Na verdade, as coisas são bem mais complicadas.

Como você relaciona os aspectos sociais da África do Sul com aqueles que você mostra no seu livro?


Eu não teria escrito esse livro se eu não vivesse na África do Sul. É difícil viver aqui sem pensar em como somos moldados por nossos grupos culturais. Mais de vinte anos depois do Apartheid, ainda há fendas culturais extremas na África do Sul que pioram por causa do racismo, desigualdade econômica, reinvindicações histórias legítimas, língua, religião e geografia. É uma situação complicada, e eu acho que é um problema mundial.

Em O Assassino do Zodíaco, os diferentes signos astrológicos se tornaram grupos sociais separados que desconfiam uns dos outros por razões históricas. Alguns leitores me elogiaram por representar bem os signos deles e outros disseram que eu fiz errado, mas eles não entenderam: Os grupos sociais do livro são estereótipos. Eles não são precisos. Eles foram distorcidos pelo preconceito.

Você estava pensando no serial killer Zodíaco quando estava escrevendo o livro? As pessoas confundem os dois assuntos?

Eu fico surpreso que isso não é mencionado mais vezes! Não há ligação direta entre o serial killer Zodíaco real e o mundo do livro, mas tem um sabor parecido: o cenário é a costa leste dos Estados Unidos e o assassino no livro tem motivos enigmáticos similares. Então há um eco poético que eu gosto.



O que você gosta de ler? Quais são suas influências?

Eu não li muito enquanto escrevia O Assassino do Zodíaco, e depois eu tive uma filhinha, o que me deixou sem tempo para ler ou dormir, então no momento estou colocando em dia alguns autores sul africanos contemporâneos. Algumas pessoas que eu conheço escreveram recentemente livros que parecem incríveis: estou lendo no momento The Yearning de Mohale Mashigo, e pretendo ler Knucklebone de N R Brodie, que é um thriller criminal sobrenatural que se passa em Johanesburgo.

Acho que minhas maiores influências são Lauren Beukes e Sarah Lotz, e eu sou muito sortudo de ser amigo das duas.

Você quer deixar uma mensagem para seus leitores brasileiros?

Eu estou encantado com a recepção positiva do O Assassino do Zodíaco no Brasil! É maravilhoso ver tantas pessoas empolgadas com ele. Obrigada a todos que leram o livro, e para quem ainda não leu, espero que vocês gostem.

Paula Juliana 

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