[Especial de começo de ano] Editora Companhia das Letras - As melhores resenhas de 2018 que passaram pelo Overdose!
[Especial de começo de ano] Editora Companhia das Letras - As melhores resenhas de 2018 que passaram pelo Overdose!
Resenha: O sol na cabeça - Contos - Geovani Martins
Classificação: 4/5
Editora: Companhia das Letras
''Ninguém nasce borboleta.''
O sol na cabeça apresenta treze contos que retratam a vida de moradores das favelas, comunidades da cidade do Rio de Janeiro, Geovani Martins nos conta histórias cheias de significados que de uma maneira as vezes direta, as vezes até poética mostra detalhes da infância, adolescência e desenvolvimento dos jovens nas periferias. Quando iniciei a leitura não sabia ao certo o que iria encontrar e logo no primeiro conto já me deparei com algo novo, principalmente na literatura brasileira, o uso da linguagem empregada pelo autor é cheia de dialetos, e gírias que chega até a assustar, mesmo que no bom sentido e nos prepara para vários dos enredos que o autor vai nos brindar.
São história sobre crianças, jovens, drogas, armas, situações de preconceitos, de violências, que nos fazem pensar e questionar sobre inúmeros assuntos, há quem diga que violência gera violência, e que o preconceito é uma das armas mais fortes que o ser humana usa, algumas vezes até sem perceber o que está fazendo. Alguns dos contos chamaram a minha atenção e me fizeram ponderar sobre oportunidades, sobre a marginalização e sobre os caminhos que levam alguns jovens a entrar nas drogas e nos crimes. Há duas tão discutidas vertentes de que a sociedade conduz algumas pessoas a seguirem certos caminhos, lhes tirando todas as oportunidades, ou simplesmente não lhes mostrando que existe algo diferente daquilo que convivem diariamente e a segunda hipótese de quando a pessoa sabe que está indo por um caminho errado e quer fazer, é levada por si mesma a fazer algo.
A obra ainda que fale sobre a desigualdade, fala também sobre a igualdade e como o morador da periferia é como qualquer outra pessoa no mundo. Ele gera cultura, a consume, compra, trabalha, vive, produz e movimenta esse planeta. Alguns dos contos são leves e mostram uma parte bem gostosa da infância, um chamado O mistério da vila, que fala sobre crenças e religião, Dona Iara e o seu cheiro de macumba, Ruan e o seu São Jorge. E Primeiro dia que brinca com os medos da infância e a famosa Loira do Banheiro. #QuemNuncaNé
O sol na cabeça é uma obra interessante, rápida, bem escrita, usa de inúmeros elementos para retratar um mundo vivido por muitos no Brasil, apresenta histórias e situações de verdade, dando um tom a mais para o enredo, é um livro e também um sonho, Geovani Martins mostra seu amor e seu cuidado pela literatura a cada página e a cada detalhe que é tão palpável para o leitor em cada palavra e em cada conto. É infância, é drogas, é a violência policial, a discriminação, é o trafico, é a favela brasileira ganhando voz. Recomendadíssimo.
Paula Juliana
Comentários
Postar um comentário